20 de abril de 2024

Sob pressão, o subserviente Pazuello está sozinho e acuado

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Desde o início da pandemia, o governo federal deixou explícito que a Saúde deveria ter à frente da pasta alguém inteiramente alinhado à necropolítica desenhada pelo presidente da República, independentemente das orientações da Organização Mundial da Saúde ou dos milhares de óbitos registrados ao longo de 2020. Prova disso, foi a queda de dois ministros em menos de um mês, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos médicos e conhecedores de causa.

À deriva, não somente o ministério, mas todo o País em meio à crise sanitária, Jair Bolsonaro encontrou em Pazuello a solução prática para se fazer onipresente na direção das ações que demandavam urgência. Mas, na contramão dos clamores, o que se viu foi o desincentivo ao distanciamento social, a promoção de aglomerações, a indicação de remédios sem eficácia e soluções organizadas em doses homeopáticas; que indiretamente contribuíram para que diversas famílias registrassem a perda de seus entes.

Enquanto o mandatário se inclinava às anedotas e ao descaso, Pazuello inerte acenava que “mandava quem podia e obedecia que tinha juízo”. Durante meses, contradições marcaram os discursos, ignorando a importância de planejamento e a efetividade nas estratégias para minimizar o desaparelhamento das unidades hospitalares. Corpos foram sepultados sob a rubrica dos governantes que pouco fizeram, mais preocupados em politizar a pandemia do que propriamente resguardar a população.

Nesta quinta-feira, em sessão no Senado, Pazuello diz que o país “não estava preparado” para o que aconteceu em Manaus, onde o sistema de saúde colapsou e alegou que não há “estrutura que aguente”. A questão óbvia é saber em qual realidade o nosso figurante de ministro se ateve durante os últimos meses, tornando-o incapaz de antever a tragédia anunciada.

Agora, quase um ano do início da pandemia, Pazuello diz que a estratégia final inclui “medidas preventivas, uso de máscara e afastamento social”. Após mais de 200 mil mortes, o ministro se deu conta da invenção da roda. Apesar de sua fidelidade ao mandatário, Pazuello agora amarga a solidão de carregar toda a responsabilidade pelo caos instaurado. Acuado, não terá mais a companhia presidencial ou direito à defesa. Esse foi o preço da sua subserviência pago por todos nós.

Marcelo Copelli

 

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