27 de abril de 2024

Afinal, quando Daniel Silveira mostrará ao Brasil “quem é o STF”?

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Ocupando as manchetes dos principais noticiários desde a última semana, o deputado Daniel Silveira protagonizou um dos maiores embates envolvendo o Supremo, a Câmara e os extremistas que defendem atos contra a democracia. Inclinado aos inflamados discursos, o parlamentar eleito após o emblemático episódio no qual quebrou uma placa com o nome de Marielle Franco, assassinada em 2018, decidiu voltar aos holofotes pegando carona no alvoroço envolvendo o general Eduardo Villas Bôas e o ministro Edson Fachin sobre um tuíte publicado há três anos.

Travestido de advogado do militar, Silveira incitou sua legião virtual, destilando e propagando o ódio, mirando pontualmente em cada ministro do STF, acusando e disparando contra a honra pessoal de cada integrante, sem comprovar nenhum dos seus impropérios, culminando com a defesa do Ato Institucional nº 5 e a defesa velada da tortura contra os seus opositores.

Crédulo no amparo de sua posição enquanto deputado federal, Silveira pecou, e feio, ao confundir imunidade com impunidade. Atirou no próprio pé ao ser abandonado no meio do caminho pela tropa, amargando sozinho a prisão imposta.

Não foi a primeira vez que Silveira optou pelos brados de cólera hostis, já que durante o seu curto período de vida parlamentar não se destacou por nenhum projeto ou ação efetiva em prol do bem comum, mas pelas bandeiras de ameaças e embates. Aliás, desde a sua campanha eleitoral, enveredou por assumir o anabolizado papel de pretenso salvador das causas perdidas, em defesa da “família”, prometendo sob declarações polêmicas enfrentar todos os que se opunham à ideologia discutível que empunha.

Sem imaginar a notória repercussão nacional tomada após a divulgação do vídeo publicado com ataques contra ministros, Silveira provavelmente apostava em uma maior aproximação com a ala radical e consequentemente o despertar de atenção de Jair Bolsonaro e seu clã mais próximo.

Ao contrário do pretendido, Silveira em poucas horas conseguiu meter os pés pelas mãos, ser preso, condenado por seus pares em seguida e, sobretudo explicitamente ignorado pelo mandatário ao qual sempre dedicou devoção. Nenhuma palavra em sua defesa, sequer um suspiro de cumplicidade.

Os repetidos pedidos de desculpas e declarações de arrependimento de Silveira não foram suficientes para livrá-lo, ao menos por enquanto. O “nobre parlamentar” colocou no calor da emoção, no qual foi de “zero a cem”, a responsabilidade pelos seus atos impensados. Mas chama a atenção que a sua dita aceleração é recorrente, já que horas antes havia enfrentado e ofendido uma perita no Instituto Médico Legal, ignorando determinações sanitárias e respeito à profissional.

Neste enredo, Daniel Silveira se perdeu, acreditando ser invencível e livre para atentar contra tudo e contra todos, mas deixando a dúvida sobre a afirmação feita enquanto ainda estava no pátio do Batalhão Especial Prisional para o qual foi transferido, afirmando que mostraria para o Brasil “quem era o STF”. Não precisou dizer, pois o Supremo mostrou que é a instituição que freou a locomotiva desgovernada que há tempos transborda o extremismo que a cada dia polariza mais o País e subjuga as verdadeiras demandas da sociedade. Entre tantos factoides e ataques, o recado começa a ser dado.

Marcelo Copelli

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